pedro alex

02/06/08

Junho...

 

 

 

sorriso21111

 

Em Maio de 68 eu tinha 5 anos vividos numa perfeita redoma incólume a todos os malefícios físicos e metafísicos que surgissem do mundo em que vivia.

Desse mundo não apreendi, que me lembre, nada que me pudesse, hoje, servir de alavanca ou resguardo às necessidades, desafios e barreiras contemporâneas.

Desse Maio de 68 resta-me unicamente uma herança cultural sustentada em imagens desse mês, em slogans libertadores gritados por massas de gente sedenta e em escritos existencialistas do Jean-Paul e da Simone.

Mais importante do que pensar no que teria feito ou sentido se tivesse vivido naquele mês daquele ano e lugar, aliás, coisa que me repugna porque sempre defendo que a História não é para viver mas para apreender, importa-me reflectir sobre o que hoje faço e propalo de modo a insuflar o balão da insurreição intelectual até que rebente.

Honestamente retrato-me e olho-me, dessa observação curta mas leal dou conta da minha insignificância enquanto uno e só, e da minha importância se fossemos mil e mais uno, congregados na defesa da infidelidade do pensamento, liberdade para quem não me entenda.

No actual estado das coisas, parangona patética e deslavada de tão dita, só um grande estoiro intelectual, estruturante e virulento, mudaria o caminho escolhido por nós próprios de forma passiva ou activa, e que agora se manifesta insustentável, deprimente e tirânico.

Mais me oprime quando me apercebo que hoje, mais uma vez, pela arte de um marketing inusitado, o povo se une numa comovente parada vermelha e verde em torno de 23 “incríveis”, numa fugaz oxigenação ao bafio certo do seu dia seguinte. Vai ser esse o balão intelectual deste mês que de certeza irá estoirar mais cedo ou mais tarde, e de certeza trará exultação ou melancolia aos que inspirando e expirando engordem de ar esse enganoso balão.

Não sou contra o futebol, longe disso, não perco um jogo do meu clube, que também é Portugal. Futebol é no entanto, ou deveria ser, unicamente desporto, em que os únicos beneficiados são os agentes que nele participam, os clubes os empresários e os jogadores. Eles que soprem o seu balão e que rebente fazendo-os felizes. Fazendo-os felizes fico por uns momentos, umas horas, satisfeito.

Esse não é o meu balão, que verdadeiramente nem sei qual é, mas vou soprando na expectativa que mais dia, menos dia, veja um a começar a inchar, pelo meu sopro e pelo sopro de outros, até que em apoteose, conhecedor das causas e ignorando os efeitos, rebente.

E tu? E tu? Bufas?sorriso21111

E por onde bufas? sorriso21111 Com quem bufas?

Bufas sozinho? Bufas na companhia de outros? Bufas em conjunto?sorriso21111

Demonstrassorriso21111 esforço quando bufas, ou bufar, para ti, é natural?

Vou brincando, é assim. sorriso21111 Vou assim sendo.

8 comentários:

Anónimo disse...

A little bit of history repeating, como canta a Shirley Bassey.
Apesar de tudo e dada a actual conjuntura, estou muito necessitado que a nossa selecção tenha sucesso. Eu, como tantos outros, preciso muito de uma overdose desse ópio, mesmo sabendo que provavelmente a seguir precisarei de uma dupla overdose. Só te digo que em caso de uma (possivel) menos feliz participação, o Lorvão não será suficiente para tanto deprimido.
E, contudo, estou muito assustado com esta excessiva galvanização de um povo na sua equipa de futebol. Será que só servimos para dar chutos no esférico e fazer fintas? É nisso que nos revemos e nos unimos? É que eu não tenho jeito nenhum para esse jogo, sempre fui o guarda redes. Se calhar para a próxima não me renovam o passaporte. buf... buf....

pedro alex disse...

Sabes João Pedro, não entendo como as pessoas se conseguem rever nos outros, no nosso caso, e agora, com os “incríveis”.
Parece-me obsceno, próprio das civilizações medíocres, em que a personalidade colectiva depende de alguns.
Exceptuo a minha crítica aos emigrantes, que ao viverem em sociedades xenófobas, caso da suíça, depositam na nossa selecção a esperança que a mesma enfarde 4 pares de estalos aos helvéticos. Que assim seja.
Depois, há uma desigualdade desumana entre o futebol e outras modalidades, desigualdade cada vez mais acentuada pelos interesses das grandes empresas que gravitam em torno do lucro fácil dado pelo “esférico”.
Pior, muito pior, é o efeito que se produz nas crianças, principalmente nas mais desfavorecidas, que vislumbram o futuro delas em torno de cristianos ronaldos, nanis e afins, quando bem sabemos que lhe será mais fácil sair o totoloto do que alcançarem esse sonho.
O culto da exigência e excelência, dos estudos, da educação cívica e moral, não existe. Vive-se em torno do facilitismo, da precaridade e da bola. Para mim é demais.

Anónimo disse...

Pois é Pedro, embora tenho aprendido nos teus blogues que a blogoesfera é sobretudo um espaço de liberdade e que, por isso mesmo, importa não temer a crueza das palavras, o facto é que me cortei e não tive a presença de espirito para chamar os bois pelos nomes.
O que me incomoda é a "sul-americanização" sub-desenvolvida do que significa amar e ter orgulho na sociedade que construímos, no nosso país e, consequentemente, hastear natural e desavergonhadamente a nossa bandeira.
A loucura dos brasileiros pelo futebol e a unidade e orgulho nacional que patenteiam quando joga o escrete canarinho, não corresponde de todo à verdade, é uma fraude, uma enorme fuga à realidade.
Não quero disso aqui na minha terra e para os meus conterraneos.
Posto isto, claro que vou torcer e sofrer para que a selecção tenha sucesso. Mais, ambiciono a vitória.
Mas estou longe de apenas viver e consumir essas emoções.
Contudo, há outro peso a colocar nesta balança como tu aliás muito bem referiste. É que é preferivel um escape destes ás frustrações recorrentes em determinadas comunidades, do que uma qualquer batalha campal pronta a explodir mal o saco já não tenha espaço para mais nada.
Mas convenhamos, a recepção foi um tanto ou quanto exagerada, bem como esta cena de a FPF cobrar "tutu" para os adeptos assistirem aos treinos, o que aliás é caso unico e nunca visto.
Será que é para ajudar a reduzir o deficite? Tá tudo louco!
Só te digo que entre uma Sul-americanização ou uma Norte-americanização do nosso pais, puta que os pariu a todos, que venha o diabo e escolha.

pedro alex disse...

Julgo que da norte-americanização estamos safos. Estaremos?
Temo os impérios.
Temo a loucura daqueles fulanos e o poder que possuem.
Temo o que esta escalada do preço do petróleo produz nas transferências financeiras, temo mais isso do que o descalabro que provoca nas finanças públicas. Imaginas o infindo dinheiro que vai parar aos cofres das arábias nestes últimos tempos? Deve ser brutal, os gajos eram absuramente ricos com o preço do barril a 10 dolares, imagina o que serão a 130.
Imaginas o que eles, depois, fazem com o dinheiro, como o investem, o que compram?
Da tua reflexão sobre o portento chinês, faço a ponte para os árabes.
O que eles farão com tanto dinheiro?
Sabes, do mal o menos, vivemos sem dúvida num tempo de grande mudança nas estruturas que conhecemos, das verdades que assumimos como imutáveis e que agora suavemente perdem força.
A Sul-americanização, infelismente, está mais que consumada.
O Sócrates abriu o rabo com o acordo ortográfico, as televisões abrem as pernas com as telenovelas, os botecos abrem as portas com as putas,e o povo feito tóto prefere o rodízio a um belo cozido à portuguesa.
Olha João Pedro... e viva a bola i.e.:
Portugal!
Portugal!
Portugal!
...
(estou nicado:D)

Anónimo disse...

ola pedro.
brinca. nao te serve de nada. enquanto tiveres essa coisa da lucidez. a brincadeia e para te disfarçares no meio dos loucos.
eu deixei de disfarçar. quero la saber que me deixem a falar sozinha.
beijinhos da leonoreta

pedro alex disse...

Não Leo, a brincadeira não é para disfarçar, como disse num post destes lol, além de me ser inata é precisamente para não ficar insano.
Mas também me disfarço, e também já o disse num post destes acerca do parecendo sendo ou sendo parecendo.
Também falo sozinho, por exemplo aqui quando vos espeto com um post e só alguns, num comentário reagem à patoada.
Os que não reagem deixam-me pois a falar sozinho, e tal como tu, quero lá saber.
Beijinhos do peter alex:D

mac disse...

É pena que a união nacional se faça em torno duma bola, é pena que o pessoal demonstre o seu patriotismo por causa da bola, é pena que o pessoal tenha perdido a vergonha de exibir a bandeira nacional por causa da bola, é pena que só saibam o hino nacional devido à bola.
Claro que vou torcer pela selecção, claro que vou ver os jogos, mas acho ridiculo mais de metade do telejornal ser dedicado à bola. Mas enquanto se fala destas coisas, não se vai falando de coisas mais importantes.
Pussessem os portugueses a energia e a união dispendida com a bola noutras coisas, e seríamos um grande país.

pedro alex disse...

Ois Mac:)
Ao teu comentário resta-me apenas subscrevê-lo e assina-lo por baixo.
Sem mais de momento,
Respeitosamente

Pedro Alex:D

Observação: (P.S. seria obsceno)
Mac, olha que a união nacional era o "partido" do antigamente, ainda vais ter escutas no teu blog lol lol